Desenvolvimento - Sistemas
Opinião: Cada sistema no seu lugar
Conheça a opinião do autor sobre o desenvolvimento web.
por Cristian Arrano TownsendTudo era legal, eu estava no meio do curso de Engenharia da Computação e não tinha muita noção de "Como desenvolver um sistema web", muito menos de performance, segurança e outros assuntos que hoje poluem a nossa cabeça. Mas isso não importava muito. O que importava era fazer uma página "dinamica" cravejada com tecnlogias psicodélicas.
Não importava a qualidade do código nem a quantidade de linhas.
Paralelamente, meus amigos tentavam me fazer engolir goela abaixo o Delphi, mas não conseguiram. Nada contra o Delphi. Eu simplesmente estava encantado com a Web. (Adoraria me lembrar o número e comunidade do meu site no Geocities onde mostrava fotos de varias cidades do Chile).
Quando o Office 97 saiu e prometeu editar os documentos HTML no Word, o mundo desabou. Todos começaram a fazer "páginas" na web. Uma verdadeira febre, como é hoje o blog.
Intranets começaram a nascer dentro das corporações, a web conquistou o coração dos executivos. Milhares de e-empresas pipocaram. A web crescia assim como o pé-de-feijão de Joãozinho.
O browser era uma ferramenta indispensável. Acho que ai começou o nosso problema.
O que faz a gente pensar de que a Web é a Arca de Noé que irá salvar os negócios do planeta? Já escutei inúmeras vezes de que: "a tendencia é utilizar a web". Não concordo com tal opinião e sou categórico.
Como desenvolvedor, penso que cada problema tem sua solução, e por isso acho que a web é solução pra muita coisa, mas para outras, ela simplesmente não serve.
Tecnicamente falando, os objetos HTML são muito mais limitados aos objetos que conhecemos do Delphi ou do Visual Basic. A quantidade de linhas codificadas para representar um menu no HTML requer conhecimentos astronomicos e quase filosóficos, enquanto que no Visual Basic, por exemplo, basta arrastar o controle, "escrever" as funcionalidades e algumas linhas de código. Representar o progress bar no HTML é uma grande farsa.
Digo isto, porque sempre tenho que "emular" uma aplicação feita no Visual Basic para a Web. Controles dificeis de utilizar, incompatibilidade de browser, activex e cookies desabilitados, sem falar no JavaScript, que só funciona 100% na nossa maquina.
Sem contar na ridícula "briga" entre os navegadores Netscape e IE que existia antes. Alguns sites (pra não dizer a maioria) colocavam "Optimizado para IE" ou "É recomendável ver com 800x600". É como se o governo fizesse uma estrada onde somente carros movidos à gasolina fabricados pela Gurgel pudessem transitar.
Acredito na web para outros fins, como compras online, noticias, forum de discussão, ferramentas de busca, de apoio a gestão, tomada de decisões, como são as intranets, artigos técnicos, compartilhamento de informações como o Orkut.
O exemplo vivo de como a web deveria ser é o gigante Google. O site mais visitado do universo tem apenas uma imagem e dois controles HTML na homepage. Assim de simples. O Yahoo!, outro gigante, enxuta ao máximo os kbytes das páginas. A mega-ultra-loja virtual Amazon.com utiliza um site impecavel em termos de marketing, e em nenhum momento precisou fugir do conceito KISS (Keep it simple, stupid).
Grande parte das Intranets Corporativas foi desenvolvida para distribuir informações armazenadas em bancos de dados, gerados por sistemas feitos em Cobol, Visual Basic, FoxPro ou Clipper. Funcionários de uma empresa atraves da rede corporativa podem pedir suas férias em 2 minutos, sem burocracia, sem papel impresso, utilizando um browser. Para isso a web serve. "A web não pode ter progress bar".
Mas nem tudo está perdido meu caro leitor. Acredito na evolução das especies. A informática talvez seja a ciência menos exata dentro das ciências. Penso que se deve a relativa idade da mesma. Estamos deixando as fraldas de lado com relacao a nossa experiência (se compararmos a arquitetura ou medicina).
Empresas como Microsoft, Sun e IBM têm trabalhado bastante com relação a esse problema, tentando massificar conceitos como Web Services e a tão sonhada integração entre plataformas e sistemas com XML. Mas infelizmente o problema não é técnico. O assunto é como utilizar o que temos sem deixar-nos levar pela moda ou pela "tendência" e desenvolver algo que realmente se encaixe às nossas necessidades.
Não sei para onde vamos, não sou guru nem profeta, estou longe disso. Mas não é dificil ver que muitos paradigmas são impostos com demasiada empolgação. Felizmente, os mesmos paradigmas se quebram sozinhos. Ainda bem.
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