Business - E-Learning
e-Learning 2.0
Conheça nesse artigo novas tecnologias para ensino a distância.
por André AkagiAlgumas premissas são básicas quando tentamos elencar os pilares nas quais a Web 2.0 está fundada, que são basicamente três: tecnologia e arquitetura, que consiste na infra-estrutura e no conceito de plataforma da web (como por exemplo, o uso de Ajax na programação), comunidade e social, que é qualquer forma pessoal de troca de conteúdo como os modelos colaborativos, e business e processos, onde os modelos de web services e a combinação de conteúdo de diferentes fontes está na sua base.
Enquanto na "Web 1.0" o usuário era visto apenas como um expectador de uma página, na "Web 2.0" ele torna-se também autor, incluindo opiniões e conteúdos. Em vez de apenas ler, o usuário modifica e (re)cria conteúdos. Não há mais armazenamento e processamento local, os dados agora migram para servidores distribuídos que podem ser acessados de qualquer lugar. O que era privado torna-se cada vez mais público. Arquivos, compromissos, agenda, lista de favoritos são compartilhados na rede e tornam-se acessíveis a outras pessoas.
Desde então as mudanças trazidas pela Web 2.0 trazem discussão sobre suas implicações e as tendências e possibilidades que podem ser aproveitadas pela educação a distância. O principal desafio é aliar as novas ferramentas à proposta pedagógica do ensino a distância.
O uso simplificado e fácil destas ferramentas é parte da proposta da Web 2.0 e responsável pela popularização entre os novos usuários de internet. A questão tecnológica não constitui barreira, pois os processos de criação e edição são tarefas relativamente simples. Blogs tornam-se espaços para debates, discussões e anotações de aula que podem ser comentadas. Wikis permitem a criação e edição conjunta de conteúdo, na elaboração de textos e trabalho cooperativo para montagem de projetos, tanto entre os alunos como os docentes. O podcast, uma espécie de programa em áudio utilizado para divulgar opiniões, entrevistas, música ou informações pela internet, serve de suporte ao conteúdo escrito do curso. Alunos podem gravar seu próprio programa e distribuí-los na forma de MP3 e baixar para serem escutados no iPod. E ainda, tudo isso pode ser reunido em um agregador RSS para receber avisos de atualização automática do conteúdo.
Pegando onda na era da colaboração e participação, os PDAs e smartphones vêm ganhando espaço no mundo corporativo para treinamento a distância dos funcionários das empresas. O m-learning (ou mobile learning) surge como uma solução aos altos executivos que precisam de mobilidade alternativa ao notebook. Os fornecedores de plataforma para EaD já correm para achar um padrão compatível para a diversidade de modelos de aparelhos do mercado.
Não é preciso utilizar todas as novidades, mas não se pode simplesmente virar as costas para estas inovações. Utilizaremos os novos recursos apenas quando enxergarmos sentidos e formos motivados para tal. A maioria destes modelos de comunicação é assíncrona, que permitem não apenas flexibilidade, mas também a criação de comunidades e redes sociais. O sucesso das redes de relacionamento como o Orkut, MySpace e FaceBook reflete o alcance através fóruns em torno de um determinado assunto.
Seguindo essa avalanche de experiências novas que estamos vivenciando, está o Second Life. Os usuários estão usando sua segunda vida para interagir assistindo palestras e explorando ambientes virtuais 3D construídos apenas com objetivo de ensinar, mas os resultados ainda são incertos. Ninguém prefere apostar antes de lançar um projeto piloto, mesmo que o curso a distância seja do próprio Second Life no Second Life.
O mergulho da EaD na Web 2.0 vem num momento oportuno acompanhado de uma proposta diferente de ensino a distância: a educação dialógica, onde a resposta da dúvida do aluno é tratada pelo tutor como uma forma de interação, que encaminha o aluno à resposta utilizando múltiplas vozes (citação de trechos de sites, revistas e livros). Essa nova forma de diálogo entre tutor e estudante nas atividades a distância considera o meio comunicacional e social da internet, saindo da formalidade (discurso autoritário) para a linguagem do internetês, mas sem exageros. Na dialogia, o tutor contextualiza, interage e indica caminhos na orientação até achar o caminho da resposta. Essa abordagem comunicativa tem tudo a ver quando relacionamos com a Web 2.0.
Mal estamos tentando entender as mudanças que a Web 2.0 está provocando na EaD, e já é anunciada pela blogosfera a Web 3.0, que seria o conceito de uma "web semântica" capaz de dar respostas mais significativas para as buscas do usuário, dentro de um contexto.
Mas se muitas pessoas já se sentem confusas com a "Web 1.0", o que fazer com o aumento de informações e serviços da "Web 2.0"? Que mecanismos e critérios serão utilizados para encontrar e selecionar de forma rápida os conteúdos relevantes? Poderíamos estar criando um abismo entre a "elite" bem informada e uma multidão que precisará de um upgrade na versão do seu conhecimento sobre o jeito de lidar com Web? Calma, não vamos perder o foco da educação para a tecnologia. Antes de implantarmos qualquer tecnologia nova na educação temos que rever nossas métricas de avaliação do ensino-aprendizado para esse novo conceito, já que, nesse caso, a tecnologia é um meio e não o foco da aprendizagem.
Referências de trabalhos científicos apresentados no 13° Congresso Internacional da ABED
Abreu, Maria; Moraes, Raquel; Teles, Lúcio; Lazarte, Leonardo; Ramos, Wilsa. Blog or not to Blog. http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/55200775005PM.pdf. Acesso em 08/11/2007.
Mattar, João. Second Life da EaD & Vida Nova para o Professor Virtual: Caixa de Ferramentas 2.0 para o Aututor. http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/528200722418PM.pdf. Acesso em 10/11/2007
Voigt, Emilio. Web 2.0, E-Learning 2.0, EaD 2.0: Para onde caminha a educação a distância? http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/55200750254PM.pdf. Acesso em 10/11/2007.
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