Gerência - Qualidade e Testes

Gerenciamento da Qualidade nos processos de Desenvolvimento de Sistemas

Hoje, cada vez mais se fala em gestão por processos e gestão por projetos, mas como, quando e como gerenciar a qualidade dos processos de desenvolvimento de sistemas? Essa meu amigo, é uma pergunta que pode ter resposta e deve ter resposta em sua empresa.

por Ricardo Veríssimo



Hoje, cada vez mais se fala em gestão por processos e gestão por projetos, mas como, quando e como gerenciar a qualidade dos processos de desenvolvimento de sistemas? Essa meu amigo, é uma pergunta que pode ter resposta e deve ter resposta em sua empresa.

Quantos de nós, que já programamos ou já gerenciamos o desenvolvimento de algum sistema, encontramos sistemas que só o programador sabe mexer? Sistema que provavelmente se o programador abandonar o projeto, o mesmo vai ficar parado um bom tempo ou até mesmo morrer.

Isso acontece por falta de controle nos processos e pela cultura que temos de avaliar processos pelo resultado final e não pelas etapas. É a cultura do Lucro, onde o que importa é que “deu lucro”. Outra cultura que afeta muito o desenvolvimento de sistemas é o de não comentar códigos no ato do desenvolvimento, de não modelar antes de desenvolver ou de deixar o levantamento de requisitos para ser realizado pelo próprio programador.

Uma das formas de ter qualidade é seguir os velhos e conhecidos passos da metodologia de desenvolvimento de sistemas e a outra é saber, como, porque, quando e onde estão os melhores e os piores resultados do projeto com visão processual. Aqui começamos a gerenciar a qualidade.

Usando a analogia, quem já ouviu a famosa frase, “Dividir para conquistar?”. Essa frase mostra bem o que é a gestão por processos, ou seja, é ver como cada parte de seu processo ou partes dele afetam os seus resultados.

Qualidade em termos de sistemas pode ser definida basicamente, como: “Quanto o sistema satisfaz os requisitos”. Então para termos qualidade temos que analisar os requisitos e termos sua modelagem muito bem definida.

Os benefícios de ter um sistema desenvolvido com qualidade são: Redução de custo, aumento da satisfação dos clientes internos e externos, redução do retrabalho, redução dos riscos negativos e outros particulares a cada sistema.

Outra coisa comum no desenvolvimento de sistemas é o de dar ao sistema funcionalidades extras não levantadas nos requisitos iniciais. Essa prática não é recomendada, pois, pode gerar confusões e problemas. Alguns analistas e programadores gostam de agir como “Mãe Diná” imaginando ou prevendo aquilo que o cliente desejaria no sistema. Essa prática é louvável e altamente produtiva no desenvolvimento de produtos ou sistemas, mas não no cumprimento de requisitos, onde essa parte já foi exaustivamente realizada.

Uma forma de gerenciar a qualidade é usar métodos, metodologias ou passos de qualidade de grandes nomes nesta área, dentre outros posso citar alguns a seguir: W. Edwards Deming, Joseph Juran e Philip Crosb.

Eu particularmente, gosto muito das idéias de Deming, que foram baseadas nas técnicas Japonesas na década de 1950. Deming estabeleceu alguns pontos conhecidos como princípio de Deming, representando fundamentos para alcance da Qualidade. Apresento-os a seguir:

1 – Criação de constância de propósitos na melhoria contínua de produtos ou serviços;

2 – Adoção da nova filosofia;

3 – Não dependência da inspeção em massa;

4 – Cessão da prática de avaliar transações apenas com base no preço;

5 – Melhora continua do sistema de produção e serviços;

6 – Instituição do treinamento profissional do pessoal;

7 – Instituição da liderança;

8 – Eliminação do medo;

9 – Romper a barreira entre os departamentos (Visão por processos)1;

10 – Eliminação de slogans e exortações para o pessoal;

11 – Eliminação das quotas numéricas;

12 – Remoção das barreiras ao orgulho do trabalho bem realizado;

13 – Instituição um vigoroso programa de educação e reciclagens nos novos métodos;

14 – Planos de ação: Agir no sentido de concretização e transformação desejada.

Fui militar durante alguns anos de minha vida e ouvi muito uma frase que dizia “A tropa é o espelho do comandante” essa frase traz muito da realidade, de acordo com o grande autor Joseph Juran os problemas da qualidade são causadas em sua maioria pelos seus dirigentes e não por seus funcionários. Juran também desenhou a qualidade como fator resultante de planejamento, controle e melhoria.

Existem vários métodos ou metodologias que se baseiam nessa trilogia planejamento, controle e melhoria, como por exemplo, a KAIZEN que significa Kai (alterar) e Zen (fazer melhor ou aprimorar).

Incluir a gerencia da qualidade no fluxo de desenvolvimento dos sistemas pode gerar a melhoria dos processos e do sistema. Basicamente, podem ser seguidos os seguintes passos: Mas cada empresa pode e deve adaptar a sua realidade, pois, como sempre digo em meus artigos, Pessoa Jurídica tem características e personalidades jurídicas que as diferem umas das outras:

Planejar o Sistema – Planejar a qualidade – Aprovar o plano – Executar o desenvolvimento – Avaliar a qualidade.

Aqui entram as:

- Melhorias da qualidade; - Ações corretivas; - Registro das ações corretivas e seus resultados práticos no sistema; - Atualização do Plano;

Aqui acontece o feed back:

- Controle integrado de Mudanças;

- Retorno à execução do desenvolvimento.

Existem algumas técnicas e ferramentas que também podem ajudar muito na gerencia da qualidade do projeto, tais como:

- Analise de custo e benefício – O equilíbrio entre custos e benefícios é importante para mitigar quais os pontos devem ser controlados e quais devido ao custo alto e baixo benefício, devem ser deixados de lado.

- Benchmarking – Comparação do sistema atual a outros projetos da organização ou externos a ela, para verificar as melhores práticas, ajudando a fornecer padrões de comportamento, estatísticas, criação de idéias e etc.

- Ferramentas Adicionais – Algumas outras técnicas que podem ajudar tais como: brainstorming, diagramas de afinidades, análise de campo de força, diagramas de matriz, fluxogramas, matrizes de priorização e etc.

Conclusão: No calor dos prazos e dos custos, muitas vezes deixamos de lado as técnicas, metodologias e práticas de desenvolvimento de sistemas e tudo isso afeta a qualidade do sistema desenvolvido. Podem acreditar que só o fato de sua empresa incluir nos processos de desenvolvimento o gerenciamento da qualidade, mesmo que de forma experimental, isso vai gerar resultados muito positivos no sistema e na ambiente de trabalho.

1 – Visão por processos – Minha nota aos passos de Deming. Já existia na época a preocupação da visão processual nos negócios.
Ricardo Veríssimo

Ricardo Veríssimo - Consultor de Tecnologia e Negócios; Sócio Gerente da Empresa R Veríssimo Suporte e SoluçõesLtda, empresa de consultoria, terceirização, desenvolvimento e suporte a infra-estrutura em TI | www.rverissimo.com.br.