Desenvolvimento - C#

Iniciando em boas práticas de programação

Na intenção de apresentar minhas posições pessoais, escrevo nas linhas seguintes alguns dos conceitos que a prática de 16 anos de programação consolidaram em minha forma de escrever código fonte.

por Fabio Camara



Na maioria das discussões que participei acerca do assunto "boas práticas ou qualidade em escrita de código fonte", percebi que se não interrompêssemos as manifestações mais inflamadas o resultado continuaria muito distante de um consenso. Em outras palavras, cada um tem uma posição muito individual sobre a questão.

Realmente o assunto é polêmico na essência, pois o que é qualidade para você?

Na intenção de apresentar minhas posições pessoais, escrevo nas linhas seguintes alguns dos conceitos que a prática de 16 anos de programação consolidaram em minha forma de escrever código fonte.

Endentação

A primeira questão sobre o assunto endentação que podemos citar é sobre o número de espaços entre os níveis. Por exemplo, o Visual Studio.NET 2003 sugere como default 4 espaços conforme podemos comprovar na imagem abaixo.

Na época que os monitores e as placas de vídeo não eram tão poderosos, eu particularmente gostava de utilizar dois espaços para a endentação. No final dos anos 90 eu já tinha aderido a 3 espaços e esta é a minha opinião até hoje.

A próxima questão pode ser o tamanho máximo de uma linha de código fonte. Neste quesito defendo que se deve evitar ao máximo escrever linhas com mais de 80 posições entre espaços e caracteres. A idéia é facilitar a compreensão do código e se possível visualizar a linha inteira em seu editor de código.

Alguns trechos de código podem ficar muito extensos e você deverá encarar o dilema de quebrar a linha. Eu naturalmente não gosto de quebrar linhas de código, entretanto em situações necessárias aplico os seguintes princípios:

  • Quebrar a linha após uma vírgula;
  • Quebrar a linha após um operador;
  • Alinhar a nova linha no inicio da expressão no mesmo nível da linha anterior.
Exemplos:
longMethodCall(expr1, expr2, expr3,
  expr4, expr5);
e
var = a * b / (c - g + f) +
4 * z;

Outra premissa importante é a utilização de espaços em branco para endentação. Seja qual for sua opinião sobre esta questão, exponho a minha mais veementemente: _ Não use espaços em branco para endentação, use tabulação!

Motivos: Dos trilhões de motivos existentes, destaco a facilidade de incrementar e decrementar blocos de código através de atalhos de teclas do editor de código.

Comentários

Das muitas funcionalidades fascinantes do Visual Studio.NET, a de transformar comentários em documentação de código é realmente impressionante. Em face disso, se você tem esta necessidade, utilize as três barras "///" e seja feliz. Entretanto, para comentários que não necessitam serem publicados, quero apresentar algumas sugestões.

Baseado na preocupação que muito provavelmente o comentário é importante para você ou outra pessoa ser orientada sobre a manutenção de um código fonte, chamo a atenção à forma de destacar o comentário. Por exemplo, comentários com mais de uma linha poderiam ser assim:

/* Line 1
   Line 2
   Line 3 */

Porém conforme os critérios que destaquei, sugiro que seja desta forma:

/* Line 1
 * Line 2
 * Line 3
 */
 
Fundamentalmente a questão é visual.

Para comentários de uma linha somente, tenho a seguinte opinião. Ou o comentário deve uma espécie de marcador de loops ou não deve ser aplicado. A questão é que como exposto em linhas anteriores, os comentários devem chamar a atenção visando facilitar e direcionar a manutenção. Somente justifica-se um comentário de uma linha quando você necessita marcar dentro de um bloco de código o início de um nível de endentação ou loop. Exemplo:

//Verifica se somente uma string foi entrada
if(args.Length==1)
	Console.WriteLine(args[0]);
else
{
	ArgumentOutOfRangeException ex; 
	ex = new ArgumentOutOfRangeException("Utilize somente uma string");
	throw(ex); 
}

No exemplo acima utilizamos o comentário de uma linha com duas barras "//" para explicar um bloco de código e marcar o seu nível de endentação. Do trecho aonde este código exemplo foi retirado existiam outras linhas de código antes e depois do bloco if / else.

Outra boa aplicação para comentários de uma linha é a explicação de uma declaração. Por exemplo:

int levelStatus; // nível do status
int sizeStatus; // tamanho do status

Declarações

Sendo oportunista, declarar variáveis também deve apresentar uma preocupação com a visibilidade. Por exemplo, eu não aconselho a seguinte declaração:

int a, b;

Pode parecer exagero mas quando outro desenvolvedor for manusear seu código fonte vai apreciar se encontrar a mesma declaração da seguinte forma:

int a; // Valor de entrada 1
int b; // Valor de entrada 2

Para ser mais sincero e apresentar mais um conceito, tente sempre inicializar suas variáveis no local aonde são declaradas. Sabemos que nem sempre isto é possível, contudo bastante recomendável. Exemplo:

int a = 1; Valor de entrada 1

Permita-me um comentário adicional, não estou aconselhando nomear uma variável inteira com "a", os exemplos anteriores visam explanar outras questões.

Nomear Variáveis

Sobre este tópico, após muitas demoradas discussões com meu amigo Mauro Sant"Anna, concordamos sobre os seguintes pontos:

  • Não utilizar notação húngara. A notação é útil somente para nomear componentes e, mesmo assim, quando existe a necessidade de identificação facilitada do mesmo. Contudo se você não possui um padrão para nomear componentes, de nada adiantará utilizar a notação húngara.
  • Coloque nomes da forma mais clara possível, visando facilitar a compreensão da finalidade da variável. Em nomes compostos, faça combinações entre caracteres maiúsculos e minúsculos.
Exemplos:
string nomeUsuario;
int tempoIntervaloPadrao;

Finalizo esta matéria com a sensação que podia escrever muito mais, contudo com a restrição de tamanho imposta pelas regras estabelecidas. Agregando um valor adicional, a seguir uma sugestão de nomes de componentes conforme a notação húngara.

Nomes para componentes (notação húngara)

Windows Forms

Fabio Camara, MCP, MCSA, MCAD Charter, MCDBA e MCSD.NET - É Diretor da Architettura Soluções em Tecnologia. Escreveu os livros "Projetos com Windows DNA e .NET", "Dominando o Visual Studio.NET com C#" e "Orientação a Objeto com .NET" dentre outros, editados pela Visual Books Editora. Pode ser contatado pela home page C# Br (http://www.csharpbr.com.br).

Fabio Camara

Fabio Camara - MVP VSTS, MCT, MCP, MCSD, MCTS, MCPITP, MCPD, MSF Practitioner, Certified SCRUM Master, Certified ITIL Foundations. Escreveu mais de 15 livros nesta última década. Atua como consultor de produtividade em desenvolvimento de projetos e professor de disciplinas ágeis de engenharia de software. Pode ser localizado no site http://www.fcamara.com.br.