Gerência - Metodologias e Processos
Seus problemas acabaram!
Por diversas vezes em palestras ou workshops que ministro percebo que as pessoas esperam do MSF Agile (ou MSF CMMi) junto com o VSTS uma espécie de ferramenta mágica que resolverá todos os possíveis e inimagináveis problemas dos projetos de software...
por Fabio CamaraA resposta mais rápida e sincera é: Se alguém te oferecer uma ferramenta ou metodologia que promete este resultado mande chamar a polícia, pois você estará diante de um estelionatário.
Vamos separar a questão em três partes: A metodologia (ou guia de processos e técnicas), a ferramenta e o líder de projetos.
A primeira informação é que o líder é o responsável e deve se responsabilizar pela condução dos projetos e seus respectivos resultados. Independente de metodologia, independente de ferramenta, os bons líderes de projetos conseguem através de suas habilidades atingir expectativas de resultados favoráveis. Para isso, o líder de projetos deve saber delegar!
Delegar vem do latim "delegare" que significa: _ dar uma parte de si em execução a um outro para realizar um aspecto de um projeto. Perceba como é importante entender o que é delegar, pois é dar uma parte de si. É muito comum as pessoas passarem atividades para outros e simplesmente acharem que se os outros falharem, problemas deles, eles (os outros) é que são incompetentes.
O processo de delegar implica em riscos. Delegar deve ser uma das atividades mais sérias do líder de projetos. O resultado mais comum quando este assunto não é levado a sério é: _ os melhores pagam na própria carne o erro do arbítrio dos outros para os quais delegaram o próprio poder.
Para delegar, você deve ter certeza que a pessoa que recebeu a atividade está apta a executar a mesma - entenda por apta estar capacitada tecnicamente e que compreendeu perfeitamente a atividade. Depois disso você deve ser capaz de responsabilizá-la. Por último você deve evitar as desculpas desta pessoa que tentará de mil formas não entregar a atividade como uma espécie de auto-sabotagem inconsciente.
Quando eu escrevo "auto-sabotagem inconsciente" quero afirmar que as pessoas geralmente não resolvem os problemas que ocorrem no decorrer da atividade delegada, as pessoas na maioria das vezes tendem a "avisar" do problema, comentar sobre o problema...
Um bom exemplo de evitar desculpas é agir responsabilizando a pessoa delegada por trazer problemas e não soluções. Observe o seguinte cenário:
O desenvolvedor recebeu uma atividade e após 6 horas na mesma volta para o líder de projetos informando que há um problema para a conclusão da atividade solicitada.
Opção 1: O líder de projetos simplesmente aceita o problema e envolve outras pessoas para resolvê-lo. O desenvolvedor fica com uma postura passiva ou é designado para outra atividade.
Opção 2: O líder de projetos responsabiliza o desenvolvedor dizendo: _ "Vamos partir de uma premissa para este problema. Estou considerando que você já fez tudo que é possível e imaginável ao seu alcance para resolvê-lo e não conseguiu. Então, encontramos seu limite de competência! Vamos trabalhar ativamente neste ponto para poder fazer seu crescimento profissional". Não permite uma atitude passiva do desenvolvedor e fica ao seu lado (ou designa alguém mais apropriado para isso) até resolver o problema.
O que ocorre é que na opção 1 há uma permissividade a ausência de responsabilidade e crescimento profissional. O desenvolvedor na opção 1 nunca se sentirá responsabilizado, não é desafiado a superar seus limites, não há ganho de conhecimento e aprendizado constante.
Pode parecer que a opção 2 é humilhante, mas reflita cuidadosamente. Não é vergonha nenhuma saber de seus limites de competências e trabalhar a evolução deles tornará este desenvolvedor um profissional realizado.
No fundo todos os problemas dos projetos estão mais relacionados as pessoas do que as técnicas e ferramentas. O líder de projetos deve criar um ambiente com uma "forma mentis" adequada para os resultados esperados.
Forma = modo interno que especifica e diferencia uma coisa da outra.
Mente = faculdade de projetar, mensurar.
Forma mentis = é o conjunto de valores e modos de pensar que a pessoa tem como próprios com os quais se identifica. É a base das atitudes da pessoa frente as situações.
Para finalizar este ponto, pense nisso: Se não tivesse problema, não precisava de líder de projetos!
Metodologia e ferramenta - qual é a mágica?
Você sabe qual é a diferença entre CMMi e MSF for CMMi Process Improvement?
CMMi é um modelo que solicitam averiguações do seu estágio de maturidade através da satisfação de áreas chaves de processos.
MSF for CMMi Process Improvement é um guia de processos que visam atender as exigências de alguns níveis de maturidade qualificados pelo CMMi.
O MSF for CMMi Process Improvement ou o Visual Studio Team System é certificado para CMMi nível 2 ou 3? Claro que não! Qual é a mágica?
Eis a questão! As pessoas esperam que algumas coisas ocorram em um passe de mágica só porque estão aderindo a uma metodologia ou ferramenta.
É correto afirmar que o MSF for CMMi Process Improvement e o VSTS são aceleradores para o processo de certificação de maturidade do seu time de desenvolvimento, contudo entenda esta afirmativa com moderação. É um acelerador, não um solucionador.
Outro ponto importante: Muita gente torce o nariz quando ouve alguma coisa sobre adotar metodologias ágeis para seu time de desenvolvimento. A questão não é algum tipo de racismo, é porque estas pessoas acham que já são ágeis.
Há uma gigantesca diferença entre ser ágil (do ponto de vista praticar métodos ágeis) e o que frequentemente encontramos nas empresas brasileiras. No Brasil a metodologia mais praticada que existe é a metodologia Tarzan, ou seja, alguns heróis levam literalmente no grito os problemas do dia-a-dia dos projetos.
Mais uma vez, não há mágica. Se você pretende usar o VSTS em sua empresa e vai adotar o MSF for Agile Software Development como padrão dos processos e artefatos fornecidos pelo VSTS - prepare-se para estudar bastante e adequações.
O VSTS não é uma ferramenta mágica que vai organizar seus processos de construção de software. O VSTS é uma ferramenta que vai acelerar seus controles e tornar seus resultados mais previsíveis pelo fato de automatizar os pontos de controle de seus processos de construção de software.
Para usar o VSTS, é preciso estudá-lo. Instalar o VSTS sem um sério estudo de adequação de processos e pontos de controle é incluir um novo (e grave) problema no dia-a-dia de sua fábrica de projetos de software.
Pela última vez, não há mágica. Projetos com sucesso são um conjunto bem sucedido de bons líderes de projetos + métodos e técnicas adequadas + uma ferramenta confiável de controle de fontes e controle de atividades.
Qualquer coisa muito diferente disso pode ser considerado papo de "astronauta".
Sucesso em seus projetos.
Fábio Câmara, Microsoft MVP em VSTS e MSF Practitioner - É fascinado por estudar assuntos relacionados a liderança e acredita em resultados positivos em projetos usando MSF e VSTS. Escreveu os livros "Visual Studio Team System Rocks", "58+ Soluções em .NET" e "Orientação a Objeto com .NET" dentre outros.
- Singleton - Padrão de Projeto com Microsoft .NET C SharpC#
- Novidades no MVC 4.0Metodologias e Processos
- Vai abrir um negócio? - 10 dicas de como a tecnologia pode ser usada a seu favorMetodologias e Processos
- Regras de Negócio-Por que você deveria se importar com isso?Metodologias e Processos
- Governança, redução de custos e domínio da informação nas instituições financeiras: é possível?Network